Exnova: Prestidigitação ou Matemática Avançada

Era uma vez, numa pequena vila cercada por montanhas e rios serpenteantes, um jovem chamado Pedro, cuja curiosidade era tão grande quanto o céu que cobria suas terras. Naqueles dias, o nome "Exnova" começava a sussurrar entre os ventos, trazido por viajantes que falavam de riquezas misteriosas e promessas tentadoras. O mundo ao redor de Pedro mudava rápido: as carroças rangiam menos, substituídas por máquinas de ferro, e as mensagens voavam invisíveis, sem papel ou tinta. Mas nada o fascinava mais que o mercado da vila, um lugar barulhento onde os sonhos dos moradores dançavam entre moedas e esperanças.

 

Certo dia, um estranho apareceu no horizonte. Vestia um manto escuro e trazia uma caixa de madeira cravejada de símbolos que ninguém decifrava. Ele se apresentou como Exnova, um nome que já corria nas línguas dos curiosos. "Venho ensinar o segredo da prosperidade", declarou, com um sorriso que parecia esconder mais do que revelava. "Comigo, vocês podem transformar cobre em ouro, desde que sigam meu caminho." A multidão se aglomerou, olhos brilhando. Uns o viam como mágico, outros como sábio, mas todos se perguntavam: seria aquilo prestidigitação ou matemática avançada?

 

Exnova ergueu sua tenda no coração do mercado e começou seu ofício. Com tábuas e carvão, traçava círculos e linhas, mostrando como o dinheiro podia crescer nas mãos certas. "Dê-me uma moeda", dizia, "e eu a farei dançar com os ventos do destino. Pode voltar maior, ou sumir como fumaça." Ele falava de "ativos" e "tendências", palavras que soavam como encantamentos para os moradores simples. Para provar seu poder, ofereceu a cada um uma moeda de madeira: "Testem minha arte sem risco. Vejam o que posso fazer."

 

Pedro, sempre atento, preferiu observar antes de se jogar. Viu Dona Clara, a padeira, entregar uma moeda de verdade a Exnova. Em instantes, ela recebeu duas de volta e gritou de alegria: "É mágica!" Mas então Seu Manoel, o ferreiro, confiou cinco moedas ao estranho e saiu de mãos vazias. "O vento virou", justificou Exnova, com um gesto vago. Manoel murmurou sobre truques e promessas quebradas, enquanto a vila se dividia entre fascínio e desconfiança.

 

Intrigado, Pedro entrou na tenda com sua moeda de madeira. Exnova o recebeu com um olhar que parecia atravessar a alma. "Você quer o segredo, não é?", perguntou. Pedro assentiu. O estranho colocou a moeda sobre uma mesa cheia de gráficos e números. "Olhe bem", disse. "Isto não é mágica pura, nem soma simples. É um jogo de padrões, de prever o imprevisível. Uns chamam de prestidigitação pelo mistério; outros, de matemática avançada pelo método. Eu digo que é as duas coisas — e nenhuma delas."

 

Dias se passaram enquanto Pedro observava. Notou que Exnova tinha truques: às vezes destacava só os lucros, escondendo as perdas; outras vezes, oferecia presentes brilhantes com amarras invisíveis. Mas havia lógica em sua dança. Ele lia o mercado como um caçador segue rastros, falando de "probabilidades" e "riscos". "Dê-me pouco", dizia, "e veja o pouco crescer. Dê-me tudo, e talvez perca tudo." Era um convite e um aviso.

 

A vila ficou em polvorosa. Dona Clara exibia suas moedas, cantando louvores a Exnova. Seu Manoel o chamava de charlatão, alertando os vizinhos. Pedro, porém, viu algo além. Exnova era um espelho: mostrava aos gananciosos o ouro fácil, aos desconfiados a trapaça, aos curiosos um enigma. Não era o estranho que definia o jogo, mas quem jogava com ele.

 

Numa noite de lua cheia, Pedro o confrontou. "Diga-me a verdade", exigiu. "Você engana ou ensina?" Exnova riu, um som seco como folhas no vento. "Não engano ninguém", respondeu. "Eu mostro o caminho, mas cada um decide como andar. Quem entra aqui com olhos abertos aprende a dança dos números. Quem vem de olhos fechados vê só fumaça e espelhos. O truque é você, Pedro, não eu."

 

Essas palavras acenderam algo em Pedro. Ele resolveu testar o estranho. Pegou uma moeda de prata, ganha com suor, e a entregou a Exnova. "Prove seu valor", desafiou. Durante dias, o jovem assistiu enquanto o mestre movia a moeda por gráficos e tabelas, explicando cada passo. Às vezes, ela sumia; outras, voltava maior. No fim, Exnova devolveu duas moedas de prata e um conselho: "Você ganhou porque olhou. Nem todos olharão."

 

Quando Exnova deixou a vila, o mercado nunca mais foi o mesmo. Alguns lucraram, outros perderam tudo. Pedro, porém, guardou a lição. Entendeu que Exnova não era mágica nem ciência exata, mas um desafio à sabedoria. Prestidigitação ou matemática avançada? Era um reflexo das escolhas de cada um. A tenda não prometia ouro, mas mostrava como buscá-lo — ou perdê-lo.

 

Anos depois, Pedro virou um guia na vila. Ensinava os jovens a ler os sinais do mercado, a pesar riscos e a nunca entregar moedas sem saber o destino. "Exnova não era o mestre", dizia. "Nós éramos os aprendizes. Ele só segurava o espelho." E assim, a vila aprendeu que a riqueza não vinha de um estranho, mas das mãos que a moldavam.

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